Blog

A Prefeitura de Belo Horizonte é obrigada a reformar a previdência dos servidores agora?

38ª Reunião Ordinária: Comissão de Legislação e Justiça
Iza na Câmara

A Prefeitura de Belo Horizonte é obrigada a reformar a previdência dos servidores agora?

A resposta é não!

Estamos acompanhando de perto o andamento da Reforma da Previdência de BH aqui na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Temos produzido uma série de artigos sobre o Projeto de Lei 434/2022, de autoria da Prefeitura de Belo Horizonte, que pretende alterar o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores públicos efetivos do município de Belo Horizonte copiando o modelo federal de reforma, criado por Bolsonaro no seu primeiro ano de mandato, e que retira direitos dos trabalhadores, transformando a aposentadoria dos servidores em pesadelo.

Em textos anteriores, já explicamos os principais pontos da reforma, e hoje vamos combater alguns argumentos usados pela Prefeitura para tentar apressar a aprovação do projeto. A PBH não precisa fazer a reforma agora – a lei não obriga – e ainda menos tem que usar as mesmas regras da reforma de Bolsonaro. É uma opção política e administrativa do Prefeito.

O artigo III da Emenda Constitucional 103, que reformou a previdência nacional e estabelece diretrizes para as reformas estaduais e municipais, permite que cada ente defina a idade mínima, o tempo de contribuição e demais requisitos para suas reformas:

III – no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.

Emenda Constitucional 103/2019

Como vemos, não há, no artigo, obrigatoriedade de aumentar a idade mínima. A Reforma de Bolsonaro em 2019 aumentou a idade no Regime Geral e para os servidores da União, mas delegou para os estados e municípios aumentar ou não essa idade. O mesmo vale para todas as demais alterações.

Saiba mais: Comitê de discussão da Previdência na Câmara de BH faz primeira reunião

E o suposto déficit na Previdência, ele não obriga a fazer a reforma sob pena de perder o Certificado de Regularização Previdenciária? 

A primeira pergunta a responder é se há déficit ou não. Neste caso, a resposta está nos próprios documentos fornecidos pela PBH. O RPPS compreende os dois fundos: o FUFIN (Fundo Financeiro) que atende os servidores que ingressaram até dezembro de 2011, e o BHPRev, que inclui os servidores a partir de 2012.

O FUFIN, como a lei determina, tem que ser suportado pelo Tesouro Municipal, porque sua constituição decidiu isso. A Prefeitura fez uma escolha ao separar os servidores em dois fundos. Já se sabia, desde 2011, que o FUFIN não receberia novos aportes, justamente porque todo novo servidor deixaria de contribuir com esse fundo e passaria a contribuir com o BHPrev. Portanto, em algum momento ele ficaria deficitário. Mas a Lei Municipal determina que o Tesouro deve fazer parte da composição do FUFIN e, se o orçamento da cidade não está deficitário, consequentemente, o FUFIN também não está.

Vale lembrar que, há dois anos, a contribuição dos trabalhadores da ativa para a previdência aumentou de 11% para 14%. Já a contribuição do município segue sendo de 22%, não aumentou para 28% para continuar sendo o dobro da contribuição do servidor, e poderia tê-lo feito. Se houvesse esse aumento, o que está sendo considerado pela PBH como déficit deixaria de existir. 

O BHPrev, que hoje sustenta menos de 1% dos aposentados da PBH, está longe de ser deficitário. Mas para ambos os fundos, o próprio estudo atuarial da LUMENS, que foi apresentado junto com PL 434, aponta que o aumento de 22% para 28% da contribuição patronal já seria suficiente para correção da situação atual. Ou seja, não há necessidade de reforma.

A decisão de alteração das regras da previdência por parte do executivo municipal é estritamente política. A Prefeitura fez uma escolha política, em 2011, ao fazer a cisão do RPPS em dois fundos e definir o Tesouro como garantidor do FUFIN. Não se pode querer, após mais de 10 anos, acusar os servidores municipais de onerar o município por uma decisão do próprio município.

A Prefeitura precisa assumir a sua responsabilidade, aumentar sua contribuição para 28%, garantindo a saúde de ambos os fundos, e retirar definitivamente esta reforma da Câmara. Os servidores públicos são o contato com a população na prestação dos serviços públicos, são quem garante a qualidade dos serviços em nossa cidade. Essas pessoas devem ser valorizadas, não responsabilizadas pelas decisões políticas dos prefeitos.

  

Comentário de (1)

  1. SIDYMAR DE ALMEIDA FERREIRA

    Muito Obrigado Iza, Pela luta pelos direitos dos servidores de carreira da PBH.

Comente:

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Select the fields to be shown. Others will be hidden. Drag and drop to rearrange the order.
  • Image
  • SKU
  • Rating
  • Price
  • Stock
  • Availability
  • Add to cart
  • Description
  • Content
  • Weight
  • Dimensions
  • Additional information
  • Attributes
  • Custom attributes
  • Custom fields
Click outside to hide the compare bar
Compare
Wishlist 0
Open wishlist page Continue shopping